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Foto do escritorbeatriz basto

Personagens Desconhecidas

“Fotografar é colocar no mesmo eixo a cabeça, o olho e o coração.” - Henri Cartier-Bresson


Tendo em vista o mote "personagens desconhecidas do campus" e no âmbito da tarefa pedida em aula, surgiram as cinco fotografias abaixo demonstradas. Numa primeira instância podem parecer meros objetos vulgares, pessoas desconhecidas sem importância, mas a verdade é que de tão vulgares que são, acabam por passar completamente despercebidos na correria do nosso dia a dia, ficando desprovidos de importância. Porém são estas mesmas personagens que decoram e dão vivacidade ao espaço académico, que o nosso olhar desatento ignora, não apreciando a beleza e a singularidade destes mesmos objetos, mesmo que num primeiro olhar estes parecem que não a têm.


Esta tarefa serviu então para, de forma bastante literal, abrir os olhos e realmente ver quem são e como são estes objetos que tornam único e especial um ambiente tão familiar como é o da faculdade. Sendo o campus um lugar tão extenso e cheio de relíquias, o meu foco recai sobre um lugar muito estimado e adorado por todos os estudantes, em particular quando o tempo é ameno, a relva não está molhada e o sol é como que um convite a este espaço exterior. Não falo nada mais nem nada menos que a zona do jardim da faculdade (e todas as suas vistas).


Foi através da lente de uma Nikon que capturei, respetivamente um pormenor de umas flores de um arbusto do jardim, o alinhamento de três grandes janelas do bar da faculdade, um autocolante de uma marca conhecida, escondido numa das várias janelas do rés do chão perto do jardim e uma pessoa a ler no banco dos jardins.


Talvez a mais importante, não pela personagem em si, mas por aquilo que ela representa num todo, temos a fotografia abaixo representada, que é, igualmente, a minha escolha como fotografia de capa, na medida em que é aquela que representa melhor a essência do campus e destas ‘’personagens desconhecidas’’. Num plano mais aberto e bem centrado, desenha-se um dos vários bancos que encontramos no ambiente escolhido com uma estudante sentada a ler. Completamente abstraída do mundo à sua volta, revi-me nesta personagem, mesmo sem a conhecer, talvez por causa do gosto pela leitura e como esta atividade nos consegue transportar para outros mundos, sem sairmos do nosso banco. Na minha ótica, esta fotografia capta na perfeição o elemento de desconhecido do campus: as pessoas.


Com tantos estudantes, professores, funcionários à nossa volta, este elemento continua a ser alvo de ignorância por parte do nosso olhar, talvez pela sua banalidade e pela frequência com que o vejamos. Quantas vezes é que paramos para olhar quem se encontra à nossa volta? Analisar os seus hábitos, peculiaridades, perceber semelhanças e diferenças que possam ter em relação em nós? Na correria do dia a dia, estamos tão focados na nossa rotina que deixamos escapar estes pormenores. E é aqui que entra a importância da fotografia, como veículo de trazer uma aproximação entre fotógrafo, fotografado e espectador. Deste modo, e como Bresson dizia, aproximamos a emoção (coração), ao espectador (olho) através do nosso ato que surgiu do pensamento de trazer algo maior (cabeça).

Passando para as fotografias remetentes aos pormenores de um arbusto no jardim, estas surgiram, numa primeira instância, pela curiosidade que despertaram ao nível da cor. Sendo a coloração um elemento tão apelativo e chamativo, neste caso a tonalidade rosa forte dá vida às flores e, consequentemente ao espaço à sua volta, tornando-o mais apelativo esteticamente. Deste modo, e com dois pontos de vista distintos (um plano mais de perto, e um outro plano contra-picado), conseguimos numa outra perspetiva este pormenor, ou seja, as flores, que de tão presentes no nosso dia a dia, são únicas em cada lugar e merecem, de facto, serem apreciadas.


De seguida, chamou-me a atenção um pequeno autocolante, já um pouco desgastado, colocado numa janela do rés do chão. Apenas visível aos olhares mais atentos, o autocolante da tão famosa marca Off -White, pode ter sido colocado propositadamente (ou apenas por mero acaso) naquela janela. Os porquês acerca da escolha do local e até mesmo da execução do próprio ato dão aso a inúmeras especulações, mas a verdade é que são objetos como este que tornam único e especial cada lugar e cada recanto.


É num grande plano que, por fim, temos a última imagem: as janelas do bar da faculdade. Sinto que olhei para elas com olhos de ver pela primeira vez no decorrer desta atividade, tendo sido a sua simetria e alinhamentos tão perfeitos, o ponto que despertou em mim mais interesse. Sendo mais visíveis do lado de quem vai do jardim para a esplanada, as janelas meias escondidas deixam espreitar um pouco do que se esconde por dentro do edifício, quase que revelando, assim, pedacinhos da alma da faculdade.

Em suma, esta atividade permitiu-me ver um ambiente tão familiar de um outro ponto de vista, apreciando elementos que, de outra forma, passariam despercebidos. Assim, apercebi-me das peculiaridades, semelhanças e diferenças que estes elementos têm entre si e, igualmente, com os outros também pertencentes ao mesmo espaço.

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