No seguimento da realização de um foto ensaio acerca das paisagens sonoras da cidade, decidi explorar os verdadeiros protagonistas por detrás do tecido sonoro da vida urbana: o ser humano. Os sons da cidade são quase que uma orquestra em constante evolução, uma sinergia caótica de sons com várias camadas e ritmos, que refletem a complexidade da vida urbana. Por detrás de muitos destes sons, há uma cara, há histórias de vida, há emoções humanas.
Cada retrato apresenta uma narrativa sonora única, que nos transmite as várias dualidades da cidade, que consegue passar do silêncio e calma, ao ruído, à agitação e ao caos e, por vezes encontrar-se no meio, existindo uma simbiose entre estes dois extremos. Foi com esta ideia de que, de certa forma, as paisagens sonoras da cidade são moldadas pelas experiências de quem vive nela, que surgiram as fotografias abaixo representadas.
Explorando diferentes ângulos, velocidades de obturador e aberturas da lente, surgiu uma seleção de doze fotografias, todas editadas dentro de uma mesma estética, privilegiando-se as nuances azuladas que acabam por ligar todas as fotografias.
Numa viagem pela Invicta, vagueei por lugares ricos e diversos em sons como é a zona do Bolhão, que contém desde músicos a vendedores de rua, até às próprias pessoas que passam pelo mercado, ou até mesmo a zona da Rotunda da Boavista que se caracteriza mais pela confusão de carros, trânsito, peões em passadeiras e mais recentemente as obras do metro. No entanto, também neste último lugar foi possível encontrar pedacinhos de tranquilidade, indivíduos que exalam silêncio e trazem calma a este centro agitado. Apesar de ter estes destaques de serenidade no meio da cidade, senti que era necessário captar mais desta essência que não é muito associada ao ambiente urbano. Foi nos Jardins do Passeio Alegre, na Foz, que capturei o máximo de plenitude e paz, sendo realmente a cereja no topo do bolo e os elementos que me faltavam para completar este ensaio.
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